05 março 2008

Ninguém como eu


Acordo, está frio, não me apetece levantar, mas já me levantei, não sei como isto aconteceu, sem dar por mim já estou na estação.

Levo o jornal? não, suja as mãos e hoje quero dormir na viagem.

Fim da viagem, desço na estação sombria, que mal fez a cor a esta estação, para esta ter sido banida? desço, desço ainda mais, ando, devia correr o relógio também corre, vou chegar atrasado.

Devia ter trazido o jornal, o comboio subterrâneo não aparece, olho para a outra plataforma, cheia também, cheia de pessoas, olham para onde? olham para aqui? raio do comboio que não aparece, devia estar a ler o jornal, olho novamente para o outro lado, as mesmas pessoas, os mesmos olhares, o comboio fantasma aparece, não tem luz, não abre, não tem pessoas, pára e arranca, e lá vai ele assombrar a estação seguinte.

O relógio arranca, já me ultrapassou, vou chegar atrasado, o comboio lá aparece, este pára, no destino não corro, não me apetece, tanto faz, já estou atrasado.

Está calor agora, dispo-me, alguém olhou? não sei, não me interessa.

O tempo passa, vou voltar, a estação sombria me espera, chegou um dos novos, ainda cheira a novo, sento-me e fecho os olhos, tenho que os abrir, o senhor de cinzento está à minha frente, fecho-os novamente, em que estação estou? não sei, vou deixar passar mais uma, abro os olhos, estou a meio caminho, raios, fecho os olhos e sonho, ou ter sonhado é o sonho? não sei, devia sair aqui mas ainda sonho de olhos fechados, alguém me diz que devia abrir os olhos, não os abro, vou abrir só um, sim, devia sair aqui, fecho o olho, abro os olhos em pânico, e corro como o vento para fora.

Estou no sítio certo, quase fui para o errado, acabou, posso finalmente parar, desligar o aparelho, e simplesmente fazer nada, é bom.

Uma palavra nova, "come ants", quem come formigas, ou faz comentários, no dicionário particular de ninguém.

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